Apesar de estarem quase extintos no início dos anos 90, e graças ao trabalho pioneiro do célebre conservacionista Philip (Flip) Stander, os leões do deserto na Costa dos Esqueletos e no noroeste da Namíbia estão agora não só a sobreviver, mas também a reproduzir-se e a prosperar. Os números aumentaram de apenas 20 leões em 1992 para cerca de 100 atualmente e, embora os leões possam constituir uma ameaça para os criadores de gado e para as comunidades locais próximas, é possível - através de uma comunicação eficaz e rápida - proteger todos e cada um dos animais. Nada disto seria possível sem a tecnologia e a comunicação, fornecidas pelo Paratus Namibia.
Ao adaptarem-se ao seu ambiente agreste, os leões do deserto caçam focas e corvos-marinhos na Costa dos Esqueletos. O Desert Lion Conservation Trust (DLCT) relata que estes leões não se aventuram mais para o interior para matar gado doméstico, quando as suas presas naturais são escassas. "A nossa investigação mostra que este comportamento não só é único entre todos os leões africanos", explica Flip, "como também revela que estes leões-da-praia conseguem sobreviver apenas com as suas capturas marinhas e obtêm tudo o que precisam daquilo que caçam na praia".
Ameaça à simbiose entre humanos e leões
Existe um grande desafio durante a popular época anual de pesca na Baía de Torra, em Dezembro e Janeiro, quando milhares de pescadores entusiastas descem à zona. Devido ao potencial conflito, Flip Stander passou 25 dias em Dezembro e Janeiro a acampar na zona para observar os leões e alertar os humanos de qualquer perigo iminente (com a utilização de luzes estroboscópicas intermitentes). "A preocupação é que, se as matanças dos leões forem interrompidas ou o ambiente for perturbado, poderá haver um potencial conflito entre humanos e leões e perturbar o padrão de sobrevivência de muitos destes leões. Ao observar uma leoa em particular, vimos que, embora houvesse muitos "turistas" interessados, conseguimos dissuadi-los de se aproximarem da leoa. O que foi realmente surpreendente foi a forma como a leoa se adaptou muito rapidamente ao grande número de veículos que se encontravam na zona. Arrastou, por exemplo, a sua captura de lobos-marinhos mais de 4 km para o interior e, de um modo geral, passou menos tempo na praia, agora ocupada por pescadores."
O presidente executivo da Paratus, Barney Harmse, diz: "O trabalho de Flip Stander é tão importante - para o nosso património cultural único e para proteger tanto as pessoas como os animais. A nossa ajuda para o manter ligado de modo a que os seus relatórios e alertas possam ser enviados atempadamente é extremamente importante, e estamos orgulhosos de poder ajudar desta forma".
O Desert Lion Conservation Trust estabeleceu uma estação de investigação na Baía de Mowe, no Parque Nacional da Costa dos Esqueletos, onde todos os dados são recolhidos, analisados e armazenados, e onde são geradas as mensagens de alerta. A estação de investigação de Mowe Bay está actualmente equipada com um sistema Paratus VSAT que utiliza o pacote Omajova P-A-Y-G. Harmse acrescenta: "O Desert Lion Conservation Trust efectua um trabalho de importância vital - não só para os leões e as comunidades locais, mas também para o turismo local, uma vez que os leões do deserto atraem um interesse crescente a nível mundial. É vital que mantenhamos o DLCT ligado e ajudemos o fundo a manter os seus dados, a sua transmissão rápida e a sua monitorização.
"Quando estou no meio do nada, quando os meus colegas que monitorizam os leões estão a trabalhar à distância, a quilómetros de qualquer outra forma de vida que não os leões, dependemos das comunicações. Sem elas, não poderíamos fazer o nosso trabalho com eficácia; sem elas, as pessoas e os animais poderiam morrer; sem elas, os leões não poderiam ser compreendidos, deixados em paz e respeitados".
Como explica Flip: "É muito importante que estes leões sejam protegidos. É igualmente importante que sejam monitorizados e que, através da compreensão do seu comportamento, das suas necessidades de sobrevivência e dos seus movimentos, possamos alertar as comunidades para o facto de existirem leões nas suas proximidades. Estas, por sua vez, podem proteger o seu gado e a si próprias. Sem comunicação sobre as actividades diárias destes leões, o trabalho não poderia ser bem sucedido, os alertas não seriam emitidos e estaríamos todos a trabalhar 'no escuro' com consequências terríveis".

Sobre os leões do deserto e o DLCT
No noroeste da Namíbia, uma pequena população de leões adaptados ao deserto sobreviveu num clima hiper-árido e duro e resistiu à expansão dos humanos, enquanto o resto da sua espécie está em declínio no resto de África, onde os humanos dominam nas regiões mais temperadas e produtivas. Aproximadamente 100 leões estão dispersos entre o oceano, as dunas de areia e as montanhas escarpadas do norte do deserto do Namibe; uma área de 50.000 km2 que inclui áreas de conservação comunitárias, concessões turísticas e mineiras e áreas de criação de gado. Os leões estão adaptados de forma única ao ambiente do deserto e exibem um comportamento que não se encontra em mais nenhum lugar de África. Sendo os únicos leões que se alimentam de espécies marinhas, como as focas do Cabo e os corvos-marinhos, nas zonas entre-marés ao longo da Costa dos Esqueletos, tornaram-se uma atracção fundamental para a crescente indústria turística da Namíbia. No entanto, as comunidades pastoris locais sofrem perdas anuais significativas devido à predação do seu gado pelos leões. Para protegerem os seus meios de subsistência, os habitantes locais abatem ou envenenam frequentemente os leões, o que tem um impacto negativo na pequena população. A atenuação e a gestão eficaz do conflito entre humanos e leões é essencial para a conservação da espécie e para o crescimento do turismo na Namíbia. O Desert Lion Conservation Trust estudou a ecologia e o comportamento dos leões durante os últimos 22 anos e utilizou a informação para desenvolver um plano de gestão dos conflitos entre humanos e leões que foi aprovado pelo Ministério do Ambiente e do Turismo como parte da Política Nacional da Namíbia sobre a Gestão dos Conflitos entre Humanos e Animais Selvagens. Na sua essência, o trabalho do DLCT:
- Recolhe dados ecológicos de base sobre a dinâmica populacional, o comportamento e os movimentos dos leões.
- Monitoriza os principais parâmetros ecológicos e biológicos da população de leões do deserto.
- Monitoriza a frequência e o impacto dos conflitos entre as pessoas e os leões.
- Desenvolve opções de conflito entre humanos e leões e presta assistência na sua implementação.
- Desenvolve e promove eco-safaris especializados em leões e outras formas de utilização sustentável.
- Colabora com o Governo, as comunidades locais e as ONG para promover a conservação dos leões.
- Disponibiliza informações importantes ao mundo, através de publicações e da Internet.
